Sarna: proteja seu cão

Se você acha que só o animal que vive solto pelas ruas e nunca tomou um banho na vida está sujeito à doença, engana-se redondamente. Aquele que mora em casa ou apê e está habituado aos mimos das pet shops é candidatíssimo à escabiose sarcóptica, a popular sarna. Qualquer animal limpo e saudável pode contraí-la, alerta o veterinário Mauro Luis Machado, do Hospital de Clínicas Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Basta entrar em contato com os ácaros responsáveis pela doença. E eles estão na coberta, na escova, no brinquedo peludo... Os germes saltam para a pele do animal e ali vão se multiplicando, multiplicando... E então, 15 dias depois, tem início o coça-coça que deixa o bicho pra lá de estressado. O pêlo começa a cair e, se o dono não tratar depressa, surgem lesões que podem se infeccionar, lembra Soledad Chiesa, diretora científica da Sociedade Paulista de Medicina Veterinária.

Mas nem sempre os sintomas são tão evidentes. Há outros tipos de sarna, menos comuns e bem mais sorrateiros. A de orelha, por exemplo, atinge apenas essa parte do corpo e, por causa da coceira, costuma ser confundida com a otite, uma inflamação do ouvido. Para tirar a prova, só mesmo o olho atento do especialista. O que costuma entregar que é sarna é a cera, que fica bem escurecida, diz Soledad.

E há ainda a temida sarna negra, ou demodécica, uma versão hereditária e mais rara. Uma mancha escura na pele do filhote geralmente denuncia essa forma do mal. Nos casos mais graves, o corpo inteiro do bicho fica em carne viva. "A sarna negra não é contagiosa, mas o animal precisa de cuidados pelo resto da vida", diz a especialista.

Seja qual for o tipo da escabiose, o veterinário costuma indicar medicamentos específicos, além de banhos com xampus e sabonetes acaricidas. Siga exatamente a dose indicada pelo especialista e não medique o animal por conta própria. Do contrário, há o risco de o bicho se intoxicar. Ah, as sarnas de cães e gatos não conseguem se reproduzir na pele humana. Mas podem ficar presentes ali por até três semanas e causar coceira, explica Mauro Luis. Só nesse caso é que são necessários cuidados médicos.

A melhor maneira de evitar a sarna é cuidar da higiene e da saúde do bicho

›› Evite o contato com animais sujos ou abandonados. Os ácaros causadores da sarna podem saltar deles para o seu pet.

›› Banhos periódicos são indispensáveis. Na pet shop, pentes e escovas devem ser bem higienizados para evitar o contágio.

›› Mantenha o bicho protegido contra pulgas, carrapatos e sarnas usando medicamentos específicos.

Comportamentos estranhos no cão

Se da noite para o dia seu cão passou a chorar boa parte do tempo, deixou de brincar e perdeu o apetite, saiba que esses sinais nem sempre significam depressão ou estresse, como podem parecer à primeira vista. Mudanças bruscas de comportamento às vezes denunciam problemas de saúde insuspeitados
Será que ele anda carente de atenção? É a pergunta que muita gente se faz quando o amigão chacoalha a cabeça de um lado para o outro sem parar e choraminga pelos cantos. Só que esse comportamento, fique você sabendo, é típico de uma bela otite, a inflamação de ouvido. Outra alteração que costuma dar um nó na cabeça do dono é a inatividade repentina. O bicho, que vivia correndo de lá para cá, só quer saber de ficar parado. Cansou de brincar? Nada disso. O mais provável é que esteja com dor na coluna ou, pior, com uma artrose daquelas, que leva a um desgaste nas cartilagens ósseas. E, se o seu companheiro agora só busca refúgio nos ambientes mais quentes da casa ou prefere passar horas sob o sol, desconfie de hipotireoidismo a baixa produção de hormônios pela tireóide. É que o metabolismo fica mais lento e a temperatura corporal tende a cair, o que o torna friorento.

Pois é, não dá para minimizar mudanças de atitude ou atribuí-las à vontade pura e simples de chamar a atenção. Por trás delas pode estar todo tipo de encrenca de anemia a verminose, de diabete a doença cardiovascular. O animal tenta comunicar o que está errado deixando de comer direito, chorando alto ou mesmo lançando ao dono um olhar cabisbaixo, conta o veterinário Daniel Guimarães Gerardi, que também é professor na Universidade União Pioneira da Integração Social, em Brasília, no Distrito Federal.
Sintomas físicos também enganam. É o caso de uma crise de tremedeira, que pode ser confundida com frio excessivo e, na verdade, às vezes indica um quadro convulsivo da epilepsia. Já tosses noturnas sugerem um problema cardíaco, e não uma gripe. E a sede excessiva e injustificável, sobretudo se o cão for sedentário, deve acender o alarme do diabete.

Se você notar qualquer alteração no humor e nos hábitos, procure um especialista, orienta o veterinário Alexandre Gonçalves Teixeira Daniel, de São Paulo. Ou seja, a regra de ouro é observar seu animal com toda a atenção e saber que nem sempre o que ele pede é (apenas) carinho às vezes, ele precisa é de remédio mesmo.

VALE IR AO VETERINÁRIO SE O CÃO...
· Chora muito
· Vive chacoalhando a cabeça
· Anda curvado
· Respira ofegante mesmo parado
· Não sobe ou desce escadas ou evita qualquer outro lugar alto
· Tosse demais durante a noite
· Bebe água sem parar
· Fica sempre perto de você
· Tem crises de tremedeira
· Freqüentemente procura os locais mais quentes da casa

Liana Menegheti, de 39 anos, notou que a poodle Laila, de 4, costumeiramente alegre e brincalhona, andava cabisbaixa e apática. Em vez de achar que era tristeza e só enchê-la de dengos, foi ao veterinário. Sorte de Laila. Ele diagnosticou uma inflamação na glândula ad-anal, localizada sob o rabo, também conhecida como glândula do medo. E Laila já está sendo tratada.

Calopsita é a ave australiana que pode até aprender a falar

Independente por natureza, a calopsita não gosta de viver engaiolada. A menos que o dono a acostume desde filhote assim, reclusa. Mas, no caso, se um dedo atrevido se insinuar por entre as grades para arriscar um carinho em seu topete, é de esperar uma boa bicada. O comportamento da calopsita reflete o tratamento que ela recebe, explica Marta Brito, veterinária do Ambulatório de Aves da Universidade de São Paulo. Se ninguém lhe dá atenção, ela fica nervosa mesmo e pode até atacar. Daí a fama de hostil.

No entanto, se o dono tiver paciência para treiná-la, vai se surpreender com suas habilidades. Mais do que cantar e assobiar, algumas até aprendem a falar, tal sua capacidade de imitar sons. Para que ela circule pela casa sem perigo de voar para bem longe, é preciso cortar a parte interna de uma das asas procedimento que, bem entendido, só o veterinário pode fazer. E então, no máximo, ela vai ensaiar pequenos vôos rasantes.

A calopsita que normalmente tem pelagem branca, amarela ou cinza vive em média dez anos. Os cuidados que ela requer são básicos. Em geral, basta uma visita anual ao consultório, diz o veterinário Celso Martins, da Universidade Metodista, em São Paulo, especialista em aves. Isso, em parte, explica por que anda cada vez mais comum ver gente desfilando por aí com a ave encarapitada no ombro.

Cuide bem dela

Providencie uma bacia de barro envernizado, com 5 cm de altura e 15 cm de diâmetro, para o banho. Lave diariamente o viveiro, o bebedouro e o comedouro com água e sabão.

Se quiser que sua calopsita fique solta, evite objetos pequenos e brilhantes espalhados pelo caminho, porque eles despertam a sua curiosidade e acabam ingeridos.

Um é pouco, dois é bom. Sua calopsita vai gostar de ter uma companheira para não se sentir solitária. Ofereça ração para aves (existe uma exclusiva para a calopsita, mas não é fácil de encontrar), além de frutas e legumes crus.

Cuidado: cão pequeno (mas bravo!)

Pequeno não quer dizer manso
Cães de porte diminuto às vezes têm mania de fincar seus dentes afiados ao levar qualquer susto bobo. Já os grandalhões, que à primeira vista quase sempre assustam, podem ser campeões em doçura
Totozinhos, em geral, impõem certo respeito pela ranhetice, já que recebem estranhos com latidos e rosnados. Pelo sim, pelo não, leve-os mais a sério. Alguns desses pequenos ranzinzas podem ser bichos agressivos, mais até do que cães robustos que já levam essa fama, como o pit bull. É o que mostra um estudo americano realizado pela Universidade da Pensilvânia com 6 mil donos de cães de 30 raças diferentes. A agressividade pode aparecer em cachorros de todo porte, não se engane. A diferença entre os miudinhos e os grandalhões está tão-somente na força do ataque.

Essa braveza toda é uma forma de defesa, justifica o veterinário e homeopata Marcos Eduardo Fernandes, de São Paulo. No caso específico dos baixinhos atrevidos, o mundo é tamanho gigante. Ao menor sinal de ameaça, avançam pra valer. Mas é claro que fatores hereditários e também o ambiente, isto é, a maneira como o bicho é tratado pelo dono, também ajudam a moldar o comportamento impetuoso, complementa Fernandes.

Seja paciente e o animal retribuirá com atitudes mais sociáveis, ensina o zootecnista Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal da Organização Cão Cidadão, em São Paulo. É óbvio que os cães de pequeno porte mais fracos e com dentes mínimos não são capazes de matar. Nem por isso suas mordidas devem ser menosprezadas. Esses ataques precisam ser comunicados aos hospitais e clínicas veterinárias para o controle de zoonoses. A grande ameaça é a raiva, alerta Mauro Lantzman, professor de psicobiologia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Mas será que dá para prevenir ou ao menos amenizar a hostilidade dos pequenos furiosos? Sim, é a resposta unânime dos experts. O mais importante é não se deixar seduzir pelo seu aspecto frágil. Quem cai na armadilha de tratar o animalzinho, só por ser inho, como um eterno bebê cria um mons...trinho! Exigente, dominador e pronto para morder sem dó nem piedade.

Os mais agressivos são
Em 1º lugar em reações intempestivas, o DACHSHUND, que pesa cerca de 3,5 quilos.

Em 2º lugar, o levíssimo CHIHUAHUA, (na foto) que tem de 0,5 a 2 quilos.

Em 3º lugar, pesando entre 3 e 6 quilos, não mais, o JACK RUSSEL TERRIER

Em 4º lugar, com até 50 quilos, o AKITA

Em 5º lugar, pesando de 18 a 30 quilos, outro grandalhão para contradizer o início desta reportagem, o PASTOR AUSTRALIANO

Em 6º lugar, pesando de 14 a 27 quilos, o famoso (e, ok, também grande) PIT BULL

E os mais dóceis são
Em 1º lugar, o gigante BERNESE, que alcança até 60 quilos

O 2º lugar vai para o GOLDEN RETRIEVER, uma doçura peluda que chega a pesar 34 quilos.

Em 3º lugar está o LABRADOR, que também pesa mais de 30 quilos.

O 4º colocado é o SÃO-BERNARDO, com seus mais de 60 quilos de pura simpatia.

Em 5º lugar, está o BRITANNY SPANIEL, com 15, 20 quilos.

E, finalmente, na 6ª posição está o GREYHOUND, que pode alcançar até 36 quilos.

Um gato como melhor amigo

Um gato como melhor amigo 
Ele é, sim, independente e vaidoso. Dorme a maior parte do tempo e vive ronronando pelos cantos. Mas nada disso quer dizer que não esteja nem aí para você. Ao contrário: adora receber atenção. Não à toa, ganha cada vez mais fãs
É no conforto de um lar que vivem 15 milhões de felinos em nosso país. E a estimativa é que essa população doméstica cresça mais 5% até o final de 2008. Em uma sociedade em que as pessoas
trabalham cada vez mais fora de casa, têm pouco tempo e com freqüência moram em apartamento, o reinado absoluto do melhor amigo do homem o cão está prestes a ter um fim. Bolas de pêlo tomam, aos poucos, o lugar de ossinhos de brinquedo. Afinal, o temperamento independente de um gato conta pontos favoráveis nesse mundo agitado e moderno.

É claro que o gato se comporta de um jeito completamente diferente de um cachorro, que não perde uma boa farra, admite a veterinária Mirela Tinucci Costa, professora da Universidade Estadual Paulista, a Unesp. Mas, a seu modo, ele também é muito apegado ao dono. Algumas raças manifestam esse afeto fazendo manha, como o persa. Outras são cheias de energia, como o siamês.

Não importa a raça, porém, todo gato adora a oportunidade de tirar uma bela soneca. Na verdade dorme até 18 das 24 horas do dia. A vantagem é que, por instinto, aproveita para fazer isso quando a casa está vazia. Ou seja, dorme enquanto o dono está fora, diz Mirela. Assim, o bichano não reclama de solidão. E o dono quase sempre o encontra cheio de disposição para afagos e colo.

Diferentemente do que ocorre com o cão, você não tem domínio sobre a rotina do gato, diz Nilton Abreu Zanco, especialista em bem estar animal, que leciona na Universidade Metodista de São Paulo. Mas, esperto, ele se adapta aos horários da casa. O felino também dispensa passeios diários. Ele precisa é de outros cuidados, como verá a seguir.

HIGIENE
Você não precisa ensinar um gatinho onde fazer cocô nem xixi. Por instinto, ele irá direto para a caixa de areia e, depois, enterrará a sujeira. Nem por isso sua casa ficará livre de odores desagradáveis, isto é, se você não mantiver a caixa limpa. Um mito: gato não precisa de banho porque já vive lambendo o corpo. De fato, as lambidas são uma forma de higienização. Mas um banho a cada 15 dias vai bem especialmente para raças de pelagem longa. Aliás, escovar o animal diariamente é importante para evitar nós. E as unhas precisam ser aparadas uma vez por semana.

ALIMENTAÇÃO
A ração deve ser específica para gatos e ficar sempre à disposição dele. E saiba: aquele pratinho de leite das histórias infantis pode ser dispensado. Até porque alguns gatos não digerem bem esse alimento e ficam, isso sim, com uma baita diarréia. Água, por sua vez, deve ser oferecida em abundância e muita atenção! em recipientes largos. Gatos odeiam encostar o bigode nas laterais da vasilha!

VACINAS
Como todo animal de estimação, o gato não deve perder as consultas periódicas ao veterinário, muito menos ficar com a vacinação em atraso. A tríplice felina que o protege contra rinotraqueíte, calvicivirose e panleucopenia precisa ser dada aos 2, aos 3 e aos 4 meses de idade, por exemplo. Aos 4 meses ele também toma a primeira dose de anti-rábica.

Dá o pé, LOURO

Graças à sua grande capacidade de imitar sons, essa ave falante e divertida cativa a família inteira. E o que também é bom  é fácil de criar. Confira aqui os cuidados básicos
por Adriana Toledo | design Gisele Pungan| foto Gustavo Arrais
O papagaio pode virar seu hóspede sem nenhum empecilho legal. É que a criação doméstica de muitas espécies já é autorizada pelo Ibama. Nas lojas credenciadas, as mais procuradas são o papagaio-verdadeiro e o papagaiodo- mangue. Tanto um quanto o outro precisam de uma gaiola com espaço suficiente para que abram as asas e se movimentem à vontade. E o local ideal para instalar a nova morada é o que combina sol e sombra. Para a água fresca arrume um bebedouro de barro ou alumínio, materiais que também são ótimos para o comedouro. No fundo da gaiola vai bem um forro de papel, que tem que ser trocado todos os dias. "Não use jornal porque a tinta é tóxica", alerta Celso  Martins, da Universidade Metodista de São Paulo.

O poleiro é item obrigatório. "Dê preferência ao de madeira, porque o de plástico não é tão firme e faz os pés escorregarem. O perigo é uma artrite", avisa o veterinário André Grespan, da clínica Wildvet, em São Paulo. Deixe por perto brinquedos de madeira ou sisal e evite panos e cordas, pois a ave pode se enroscar e se ferir. "Se quiser, deixe o papagaio solto, mas então corte suas asas com a orientação de um especialista para prevenir lesões", diz a veterinária Tereza Knobl, das Faculdades Metropolitanas Unidas, em São Paulo.

Satisfazer às necessidades nutricionais do bicho também não é nada difícil. "Além das inúmeras rações balanceadas à venda, você pode lhe oferecer frutas, legumes e verduras para complementar as refeições", ensina André Gres pan. "Só evite o abacate, que pode até causar intoxicação, e a beterraba, a qual o aparelho digestivo, muito sensível, não aceita bem." Para quem tem crianças em casa o papagaio na certa vai ser uma superatração. Mas é bom ficar de olho quando elas se aproximarem. Querendo brincar, a meninada acaba machucando a ave e aí ela pode se tornar agressiva. "O risco de o papagaio passar alguma doença também existe, mas pode ser afastado facilmente se a pessoa lavar bem as mãos depois de manusear o animal", garante Grespan. "Lembre-se de levá-lo uma vez por ano a um veterinário especializado para uma avaliação clínica e exames de laboratório", diz, ainda, o especialista. Seus problemas de saúde mais comuns são pneumonia, sinusite, distúrbios de fígado, conjuntivite e outros males, que em geral são decorrentes de carência nutricional.

NA HORA DE COMPRAR
• Observe a plumagem. Ela não deve ter penas arrepiadas, com falhas ou aspecto molhado.
• Secreção nos olhos ou na boca pode indicar problemas de saúde. Assim como fezes grudadas nas penas, que denunciam uma diarréia. O melhor, então, é não arriscar.
• Só compre o papagaio que tiver na perna uma anilha fechada com o número de registro. Essa é a garantia de que a venda está sendo feita de acordo com a legislação.
• A ave se movimenta bem? Se for do tipo paradão, é bem provável que não esteja muito saudável.

POR QUE OS PAPAGAIOS FALAM?
"Na natureza eles vivem em grupos e se reconhecem por meio de sons. Assim, desenvolveram uma grande capacidade de imitá-los", explica André Grespan. "Em vez de cordas vocais, as aves possuem duas cartilagens. Elas se chamam seringes e ficam entre a traquéia e os pulmões", diz Tereza Knobl. Quanto antes o papagaio for treinado a falar, mais cedo irá soltar o verbo. O tempo de aprendizado varia, até porque depende muito do dono. Pronuncie palavras fáceis e seja paciente.

Panleucopenia: perigo para os gatos

A panleucopenia é uma doença que ataca o sistema imunológico dos gatos, arrasando com a saúde do bichano.
Basta o contato com qualquer secreção de um gato infectado fezes, urina, saliva e pronto: a contaminação é praticamente inevitável. A panleucopenia evolui depressa e provoca diversos danos. "Logo o animal fica apático e febril, perde o apetite, vomita e apresenta uma diarréia intensa, que pode durar uns dez dias e causa muita dor abdominal", descreve o veterinário Marcos Eduardo Fernandes, de São Paulo. Mas isso nem é o pior da história. "O vírus da doença, de cara, destrói as células de defesa, abrindo a guarda para o surgimento de todo tipo de infecção", completa.

"Gatos idosos e filhotes nem sempre resistem", lamenta a veterinária Fernanda Fragata, do Hospital Veterinário Sena Madureira, em São Paulo. "As fêmeas gestantes abortam e, em alguns casos, a visão do animal fica comprometida." Apesar de os sinais clínicos serem evidentes todo veterinário experiente, no fundo, sabe quando está diante de um gato com leucopenia , costuma-se pedir um exame de sangue. "É a prova dos nove", compara a veterinária Luciane Martins, da clínica Pet Center Marginal, em São Paulo.

Uma vez confirmada a presença do vírus, não há muito o que fazer contra ele em si nenhum medicamento consegue combatê-lo. "O que indicamos, então, são vitaminas e antibióticos para evitar o ataque de bactérias que se aproveitam da queda de imunidade e procuramos afastar a ameaça de desidratação com soro, já que o gato doente perde muito líquido com os vômitos e o intestino solto", explica Marcos Eduardo Fernandes.

Todo esse quadro triste pode ser evitado com a vacina. É fundamental que o filhote que ainda precisa ser vacinado não ponha as patinhas para fora de casa nem conviva com outros gatos. Muitos menos, é claro, compartilhe com colegas bichanos água, comida, brinquedos ou caixa sanitária. Se a mãe for vacinada, tanto melhor. Ela também transmitirá anticorpos para suas crias, o que ajudará a protegê-las até a imunização.

Vacina contra panleucopenia
É só ficar de olho no calendário de vacinação. Aos 60 dias de idade o gato deve receber a primeira dose da vacina quádrupla ou da quíntupla. Ambas imunizam contra a doença. Um mês depois leve-o para receber a segunda dose. Só a partir daí ele poderá conviver com outros animais. Espere outros 30 dias para a última dose. E eis a questão: lembre-se de que os reforços são anuais.

Saiba onde o causador dessa infecção adora se instalar

1. No filhote o vírus pode atingir os nervos, comprometendo a coordenação motora e a retina. O animal novinho costuma ficar cego.

2. A medula óssea, onde as células de defesa são produzidas, e o sistema linfático, por onde circulam, são seu primeiro abrigo. O trato gastrointestinal também é dominado com rapidez.

3. O aparelho reprodutivo das fêmeas muitas vezes sofre danos. Os riscos são aborto e nascimento de filhotes com problemas neurológicos.

Animal triste: o que fazer?

Estresse, medo, ansiedade, depressão, agressividade bichos, assim como nós, sofrem de tudo isso. Aprenda a reconhecer os sintomas que alteram o comportamento do seu pet.
Motivos não faltam para abalar as emoções do seu animal de estimação. O cachorro, por exemplo. Se ele não tiver um quintalzinho que seja para brincar e se exercitar à vontade, não vai viver lá muito feliz. Caso passe boa parte do tempo na mais completa solidão, idem. Quanto ao gato, por trás daquele ar de felina superioridade esconde-se um ser carente. Pois é, cães e bichanos são sensíveis ao que acontece ao seu redor. Basta ver a reação apavorada deles a trovoadas e rojões.

Até mesmo a agitação doméstica e vozes alteradas podem deixá-los nervosos, avisa o veterinário homeopata Marcos Eduardo Fernandes, de São Paulo. Há outras razões para a tristeza sem fim. A perda de um companheiro faz o bicho sofrer. O mesmo acontece quando nasce um bebê na família que o adotou e ele deixa de ser o centro das atenções. Mudanças de ambiente, uma viagem de curta duração, a ida ao pet shop para os cuidados com a higiene ou a estadia num hotelzinho também são fatores capazes de causar um certo estresse.

"Já que nem sempre dá para poupá-lo das adversidades da vida, a melhor forma de prevenir traumas é socializar o animal", recomenda a veterinária especialista em comportamento Hannelore Fuchs, de São Paulo. Assim que estiver devidamente vacinado, leve seu cão ou gato para passear, interagir com outras pessoas e animais e conhecer diferentes lugares. Desse modo ele fica psicologicamente mais preparado para encarar o que lhe desagrada.

Se mesmo com esses cuidados você notar sinais de alteração emocional no seu mascote, leve-o a um especialista em comportamento animal para que ele defina o melhor tratamento. "A terapia costuma dar bons resultados", garante o zootecnista Alexandre Rossi, especialista em comportamento, de São Paulo. As sessões consistem em treinamentos e na exposição gradativa ao fator estressante. Isso dessensibiliza o animal e facilita sua adaptação a situações desfavoráveis. O uso de florais e homeopatia também é excelente para equilibrar reações emocionais. Em casos extremos, o veterinário lança mão de medicamentos alopáticos, como antidepressivos e ansiolíticos.


Quando o animal é medroso

Se ele morre de medo de trovões e fogos, ponha algodão nos ouvidos nos momentos mais críticos, aconselha Marcos Eduardo. Evite gritar, bater porta ou fazer qualquer outro barulho mais forte. "Se a família estiver aguardando a chegada de um bebê, mostre ao animal as roupinhas e a barriga da futura mamãe para que ele se acostume com a idéia e não se sinta preterido", recomenda Hannelore. Evite deixá-lo em locais estranhos, como hotéis, e leve-o sempre ao mesmo pet shop. Por fim, passear no mínimo duas vezes por dia é fundamental.

Sintomas de alterações emocionais no animal

Fique atento nos sintomas que podem revelar alterações emocionais:


Tremor
Agitação
Tristeza
Apatia
Agressividade
Vômito
Diarréia
Inapetência
Coceira
Sono excessivo
Morder patas e/ou unhas e arrancar os pêlos
Esconder-se em um canto da casa
Taquicardia
Bocejos em excesso
Respiração ofegante
Os gatos urinam e defecam fora do tanque de areia

Castração protege seu animal de doenças

Se você tem um pé atrás quando o assunto é castração, não hesite mais. A medida é amplamente defendida pelos especialistas que querem o bem do seu animal e por ótimos motivos. Nas fêmeas o procedimento reduz consideravelmente o risco de tumores de mama e infecções no útero, que são muito comuns, enquanto no macho afasta problemas na próstata, garante a veterinária Valéria Correa, da clínica Pet Center Marginal, em São Paulo.

Você só deve prestar atenção no período mais indicado para a esterilização. O ideal seria que tanto cães quanto gatos de ambos os sexos se submetessem a ela antes do primeiro cio, que ocorre entre o quarto e o sexto mês de vida, quando os hormônios entram em ebulição. Depois disso, sobretudo no caso de cadelas e gatas, a cirurgia já não funciona tão bem para evitar as doenças.

Você receia a operação? Fique tranqüilo. A castração não é nenhum bicho-de-sete- cabeças, embora represente um pequeno risco, como qualquer cirurgia. Ela é feita com anestesia geral e dura cerca de uma hora e meia, conta a veterinária Tânia Parra, professora de reprodução da Universidade Metodista de São Paulo.

Por meio de uma pequena incisão removemos os testículos ou os ovários e o útero, explica. O bicho não precisa ficar internado e a recuperação é rápida. O único cuidado pós-cirúrgico é usar uma proteção local contra uma eventual agressão bem ali. Depois de sete dias os pontos já podem ser retirados.
O pré-operatório também é simples consiste em exames clínicos e laboratoriais, como hemograma, além de testes de função renal e hepática. Se achar necessário o veterinário pedirá ainda uma avaliação cardíaca. Tudo para aumentar ainda mais a segurança do procedimento.

Além das vantagens para a saúde, a esterilização muda para melhor o comportamento do bicho. Para começar, fica menos saidinho, o que poupa o dono do constrangimento de vê-lo se esfregando no pé do sofá ou na perna da visita. De quebra, a agressividade diminui e, no caso dos machos, ele deixa de urinar em todos os cantos da casa para delimitar seu território. Ainda restam algumas dúvidas? O quadro abaixo esclarece uma por uma.


Anticoncepcional para animais

Há diversos contraceptivos orais para cães e gatos. Esses remédios têm sido usados a torto e a direito para melhorar o comportamento dos bichos, mais do que para prevenir gestações indesejadas. Poucos sabem que os anticoncepcionais aumentam o risco de câncer e de infecções, lamenta a veterinária Ana Carolina Lagoa, do Hospital Veterinário Rebouças, em São Paulo. Portanto, jamais os utilize para fins, digamos, educativos. E, mesmo para impedir a gravidez, eles são uma alternativa menos saudável do que a castração.


Mitos e verdades sobre castração

O que se diz por aí nem sempre é correto:

O ANIMAL SEMPRE ENGORDA
Bem, na verdade ele tende a ficar um pouco mais sedentário, mas uma alimentação light e estímulos para prática de exercício físico previnem os quilos a mais.

CAUSA INCONTINÊNCIA URINÁRIA
Isso é muito raro. Só costuma ocorrer quando a castração é realizada antes dos 4 meses de idade.

O BICHO FICA FRUSTRADO
Castrado ele não sente a menor necessidade de se acasalar. E aí mesmo é que não se frustra só porque o dono deixou de lhe arrumar um parceiro sexual.

A PELE PODE APRESENTAR PROBLEMAS
Vamos ser francos: alguns estudos sugerem a relação entre castração e problemas de pele, mas isso ainda não está bem claro.

ADEUS, GRAVIDEZ PSICOLÓGICA
Sim, a cirurgia evita que a cadela ou a gata produzam leite e se comportem como se estivessem esperando filhotes.

Que calor animal!

Para cães e felinos, o verão pode ser sinônimo de pulgas, carrapatos e outros aborrecimentos. Como evitá-los? É o que vamos contar agora
Cães e gatos também se ressentem do verão escaldante. É que justamente nos meses mais quentes do ano se intensifica a reprodução de pulgas e carrapatos. Por isso, os donos devem reforçar o estoque de repelentes na estação. Vai levar seu amigo para uma cidade praiana ou para regiões com lagos e rios? Se a resposta for sim, você deverá avisar o veterinário. "Ele irá indicar a medicação contra dirofilaríose, uma doença cardíaca provocada por parasitas transmitidos pela picada de mosquitos que vivem em regiões assim", explica Mário Marcondes, diretor do Hospital Veterinário Sena Madureira, em São Paulo.

Outras precauções para preservar a saúde do bicho: "Ele só deve sair de casa antes das 10 ou após as 16 horas", recomenda a veterinária Rúbia Burnier, da Clínica Espaço Animal, na capital paulista. A sensação térmica do cachorro é sempre 4 graus acima da dos seres humanos, e o risco de queimaduras nas patas e de hipertermia, quando a temperatura do corpo sobe demais, aumenta muito no verão. "É comum recebermos cães em convulsão ou que sofreram desmaios depois de um passeio sob o sol do meio-dia", conta Marcondes. Muitas vezes, o animal acaba na UTI e tem seqüelas graves, como problemas renais.

Também por isso, não deixe o animal no carro — nem mesmo por uns minutinhos e à sombra. A falta de circulação de ar é péssima para eles. "Os mais vulneráveis ao calor excessivo são os filhotes e os idosos, além de felinos de todas as raças e cães com focinho achatado, como o shih tzu, o lhasa apso, o pug e o buldogue", alerta a veterinária Luciane Martins Neves, do Pet Center Marginal, em São Paulo. Os sintomas de mal-estar vão de fraqueza a vômitos, diarréia e tremores, até alterações mentais e respiratórias. Diante de qualquer um desses indícios, não hesite em procurar o veterinário. Mas, claro, o melhor mesmo é garantir que seu companheiro de todas as horas fique bem longe dos riscos típicos dos dias de temperatura máxima.